sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Zoando os cara

ASSEMBLÉIA DISCUTE BULLYING NAS ESCOLAS

Seminário será nesta quarta-feira, dia 8, com apoio da Unesco

O que as escolas devem fazer para combater atos de violência física e psicológica entre os alunos? Como proceder perante atos de intimidação, humilhação ou discriminação no ambiente escolar? Quais as ações que podem ser desenvolvidas para conscientizar e orientar pais, alunos e professores sobre o bullying? As escolas podem ser responsabilizadas judicialmente por eventual omissão diante do problema?

Essas e outras questões estarão na pauta de debates do I Seminário de Combate ao Bullying nas Escolas, que será realizado no dia 8 de agosto, às 14 h, no Auditório Franco Montoro, da Assembléia Legislativa de São Paulo (Av. Pedro Álvares Cabral, 201, Ibirapuera, São Paulo). Organizado pelo deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), autor do projeto que institui Programa de Combate ao Bullying nas escolas públicas e particulares do Estado, o evento tem o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Entre os convidados está a professora Cleo Fante, autora do livro "Fenômeno Bullying" e doutoranda em Ciências da Educação pela Universidade de Ilhas Baleares, na Espanha. Também participa o presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar (Cemeobes), José Augusto Pedra, especialista em Psicanálise e Inteligência Multifocal na Reconstrução da Educação.

O QUE É – Palavra de origem inglesa, o bullying se caracteriza em atos de violência, intencionais e repetitivos, que ocorrem sem motivação evidente, praticados por um indivíduo (bully) ou grupos de indivíduos contra uma ou mais pessoas. Nas ações, o agressor busca provocar dor (física ou psicológica) na vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.

Apesar da ausência de estatística oficial sobre o assunto, o número de ocorrências de bullying nas escolas paulistas provoca apreensão entre os educadores. Isoladamente, diretores já adotam medidas de orientação e conscientização, evitando, assim, serem responsabilizados em possíveis ações de reparação de danos físicos e morais.

Os professores também são vítimas de agressões. Nos últimos meses, foram registrados casos de violência física contra educadores, provocando grande repercussão nos meios de comunicação. Uma professora teve os dentes quebrados. Outra, um dedo decepado. E, mais recentemente, um aluno queimou os cabelos de uma docente.

A imprensa também noticiou o assassinato de um professor de Educação Física, morto com quatro tiros no rosto, na frente de seus alunos, quando assistia a um jogo de futebol em um ginásio.

PROGRAMA - Se o projeto do deputado Paulo Alexandre Barbosa for aprovado, as escolas serão obrigadas a adotar uma série de ações para coibir o bullying. Entre as medidas previstas, está a capacitação de docentes para atuar em trabalhos de orientação e conscientização.

A propositura também determina a inclusão, no Regime Escolar, de regras normativas contra esse tipo de violência. Vítimas e agressores poderão ser encaminhados para serviços de assistência médica, social, psicológica e jurídica.

"O programa pretende estimular a solidariedade e o resgate de valores de cidadania, tolerância e respeito entre alunos e docentes. Não podemos fechar os olhos para um problema real e que já ultrapassa os limites de uma simples brincadeira de mau gosto", justifica o deputado, que foi secretário adjunto do Estado da Educação.

NO MUNDO – Pesquisa feita em Portugal, com 7 mil alunos, constatou que 1 em cada 5 alunos já foi vítima de bullying. O estudo mostrou que os locais mais comuns de violência são os pátios de recreio, em 78% dos casos, seguidos dos corredores (31,5%).

O nível de incidência de bullying já chega a 20% entre os alunos de escolas espanholas. Na Grã-Bretanha, 37% dos alunos de escolas britânicas admitiram, em pesquisa, que sofrem atos de violência pelo menos uma vez por semana.

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