quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Muito além do churrasquinho


Boi a termo: para pensar
O boi a termo é uma novidade na comercialização de bovinos, que desde a descoberta do Brasil era conduzida da mesma forma, tudo no spot. Para o produtor é um hedge de preço, para o frigorífico é um hedge de matéria-prima.
Justamente esse segundo aspecto, ligado à indústria, é que tem feito o mercado trabalhar com expectativas um tanto quanto pessimistas para outubro. Na BM&F o boi gordo de setembro está valendo mais do que o de outubro, ou seja, muita gente acredita que o mês de outubro deixará de ser o pico da entressafra.
Vale pensar que, no ano passado, o mercado do boi gordo, ao longo da entressafra, trabalhou em ambiente bastante firme até meados de outubro, e aí realmente despencou. Um dos fatores seria o boi a termo, que se acumulou nesse período.
Agora vamos fazer algumas contas. Acompanhe o raciocínio:
1. Hoje, arredondando para cima, a posição vendida de “pessoa jurídica não financeira”, na BM&F, está próxima de 30 mil contratos;
2. De toda forma, se o frigorífico estivesse fazendo o hedge “normal”, teria que estar comprado na Bolsa. Se está vendido, deve ser boi a termo. E se todos esses 30 mil contratos representassem, realmente, as “travas” de boi a termo, teríamos o equivalente a 600 mil animais já garantidos por contrato pelas indústrias, pois 1 contrato equivale a 20 bois de 16,5@;
4. Alguém pode argumentar que o boi a termo está concentrado em SP, GO, MS e MT, um pouco em MG. Tudo bem, esses Estados abatem 27 milhões de cabeças ao ano, ou 93 mil cabeças por dia. O boi a termo, nesse caso, equivale a pouco mais de 6 dias de escala.
Vale lembrar que os negócios a termo foram superestimados. A conta é essa, cada um que faça a sua análise e tire as suas próprias conclusões.
Cordialmente,

Nenhum comentário: