quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Síndico despeja piloto, que convoca coletiva

Olá colega, tudo bem?

Contamos com sua presença no Autódromo Internacional de Curitiba, no box da HOPE RH / EQUIPE NOVA RR de Stock Car Light, nesta sexta-feira (7 de setembro), às 15h30, para um bate-papo com o piloto André Bragantini.

Portador da Síndrome de Gilles de la Tourette, ele está sendo vítima de preconceito por parte do síndico do prédio onde mora, em Curitiba, que está exigindo a saída de Bragantini do edifício. Segundo o síndico, que já entregou uma notificação extra-judicial ao piloto, os tiques de voz incomodam os vizinhos.

Por esse motivo, André Bragantini, que tem um currículo vitorioso no automobilismo brasileiro, convoca os jornalistas especializados e também a imprensa de Curitiba para essa conversa.

Abaixo, uma matéria sobre a carreira do piloto e também sobre a doença.

Contamos com sua presença. Favor confirmar através deste e-mail.

Atenciosamente.
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André Bragantini: exemplo de superação

Desde criança ele sonhava em ser piloto. “Meu pai trabalhava com automobilismo e meu tio foi um dos grandes pilotos brasileiros nas décadas de 70 e 80. Eu praticamente nasci no meio e ser piloto foi uma conseqüência natural. Além de amar o que faço, isso ajudou bastante”. Aos 28 anos, ele já passou pela extinta Fórmula Fiat de Turismo, pela Stock Car V8, pela Copa Clio e agora está na Stock Car Light, onde ocupa a segunda posição no Campeonato. Mas não foi fácil para André Bragantini chegar a esse patamar profissional.

Além das diversas dificuldades que qualquer piloto enfrenta para se tornar reconhecido, André teve que superar mais um obstáculo. Aos seis anos de idade, ele começou a ter diversos "tiques", e ninguém conseguia descobrir do que se tratava. “Foi bem demorado para a doença ser diagnosticada, só fui realmente descobrir o nome da doença, que é Síndrome de Gilles de la Tourette, há 5 anos, com um médico em São Paulo”, revela.

A Síndrome de Gilles de la Tourette, que atinge uma em cada 200 pessoas, está classificada entre os tiques crônicos e é caracterizada por diversos tiques motores e vocais, como fazer caretas, gestos, pular e ficar repetindo diversas palavras. Os espasmos se iniciam na infância ou na adolescência e persistem na vida adulta, podendo acarretar alterações significativas na vida dos portadores e de seus familiares. “A Síndrome é algo que convive comigo e eu já estou acostumado com ela, mas, infelizmente, a sociedade não. No meu cotidiano é onde mais sofro, afinal de contas não tenho tranqüilidade para ir a nenhum lugar, pois as pessoas ficam me observando como se eu fosse um louco e isso me incomoda muito”, lamenta.

Poucos portadores da Síndrome conseguem um limitado controle sobre seus tiques. “Infelizmente, não consigo controlar, pois os movimentos são involuntários. Quando estou nervoso ou ansioso, sei que preciso me acalmar para amenizar um pouco seus efeitos, mas mesmo assim é uma tarefa muito difícil”, argumenta. Segundo especialistas, atividades que exigem concentração podem diminuir o problema. “Quando dirijo ou piloto, os espamos diminuem em até 80% e por causa disso nunca tive problemas na direção”, ressalta o piloto.

A causa da doença ainda não foi encontrada, mas as pesquisas atuais mostram que o problema se origina de anomalias metabólicas de pelo menos um neurotransmissor cerebral, a dopamina. A cura para a doença ainda não foi descoberta. “Mas a minha esperança não morre e sei que um dia irei me curar, pois acredito muito na força de Deus”, declara.

Existem medicamentos eficazes que auxiliam no controle dos sintomas, quando estes prejudicam a vida do portador, mas que podem causar alguns efeitos colaterais. “Eu tomei muitos remédios que faziam com que a Síndrome melhorasse mais de 50%, mas que em compensação me causavam enjôos, sonolência e irritabilidade, o que me prejudicava muito no dia-a-dia. Preferi então parar com tudo e continuar vivendo como antes,
afinal, com a Síndrome consigo me acostumar e fazer tudo normalmente”, diz.

A doença não impediu André, o único piloto brasileiro com a Síndrome, a ter sucesso profissional. Ele pretende conquistar o título da Light esse ano, mas não quer parar por aí. “Ainda sou novo, e tenho o sonho de viver do automobilismo correndo no exterior e conquistar vitórias e títulos por lá”. Por ser um exemplo de superação, André realiza palestras motivacionais para a empresa Hope RH, principal patrocinador dele na Stock Car. “Isso faz com que eu reverta a imagem negativa que a Síndrome apresenta de início para algo bom e positivo. Assim, as pessoas podem se espelhar no meu exemplo de que nada é impossível de se conquistar e que cada um de nós pode ser um vencedor na vida”, finaliza.

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