quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Um coach que sabe das coisas...

Coach Renato Ricci vê banalização de palestras motivacionais

O nascimento do boom de treinamentos e palestras motivacionais já comemora algumas décadas de vida. Durante esse período, entretanto, os programas foram ganhando adaptações por “especialistas” criados a cada dia e o resultado é uma banalização desse segmento.

“É impressionante como executivos e líderes são expostos a este tipo de programa com objetivos não muito claros e, muitas vezes, inócuos. Saem de seu ambiente de negócios e mergulham na profundeza dos programas motivacionais que prometem resgatar, em algumas horas, tudo o que poderá transformar o profissional em um super gestor”, diz o coach Renato Ricci.

Para o consultor, o maior erro nessas palestras motivacionais é que os organizadores e condutores tratam todos da mesma forma. “É como se o combustível da motivação fosse o mesmo para cada pessoa. Eles esquecem que nós não somos do tipo ‘flex’, pois cada um se utiliza de um tipo específico de combustível cuja fórmula é mais complexa do que se pensa.”

Cada vez mais ousados, os programas obrigam os participantes a subir em árvores, praticar esportes radicais, acampar na selva, dançar e expor-se ao ridículo, tudo em nome da “esperada mudança”.

“É um típico Big Brother executivo. Recentemente, participantes de um programa motivacional acabaram no hospital devido a queimaduras nos pés provocadas pelo exercício de andar em brasas. Parece que o poder da mente não funcionou para todos da mesma forma”, afirma Ricci.

Autor de dez livros e também atuante na área de treinamentos, Ricci revela o segredo de uma palestra de qualidade. “Os programas devem focar mais em ganho de energia e condições favoráveis para satisfação profissional do que em atividades que supostamente entregam uma falsa motivação a seus participantes.”

Por isso, o consultor acha que as empresas e seus gestores devem parar de recorrer a esses “programas da moda” e de buscar a motivação de seus colaboradores.

“As pessoas não mudam por estarem motivadas. A motivação só faz com que elas aparentem estar mais felizes. É pontual e totalmente dependente do cenário vivenciado naquele momento. Pode mudar a qualquer hora. Não depende de idade. Ela ataca inesperadamente em todos os momentos e faixas etárias de nossas vidas.”

“Um gestor que volta ao trabalho após certo período de férias deveria estar super motivado, certo? Não necessariamente. Dependendo da qualidade de seus dias de ócio, sua motivação pode estar em alta ou em níveis inferiores aqueles de quando ele saiu em férias”, exemplifica Ricci.

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